quarta-feira, 17 de março de 2010

A PRÁTICA DOS BANHOS NA ATUALIDADE

Foi apenas neste século atual que a ducha entrou nos hábitos dos europeus, no entanto, um extenso caminho teve de ser percorrido em nome da higiene e da saúde. Hoje, os corpos são expostos sem nenhuma reserva como se fazia na antiguidade, mas isso não acontece mais durante o ato de se lavar, e sim depois dele. O banho tornou-se um hábito estritamente íntimo e ao mesmo tempo as vestimentas começam a valorizar o corpo, fazendo com que suas formas se destaquem, realçando-as e, por vezes, revelando o bronzeado e a pele lisa e firme. Contudo, tomar banho tornou-se uma prática individual de se preparar para a exposição pública (Figura 5, p. 24). Não é à toa que todo banheiro moderno tem um espelho, um item que, há cerca de dois séculos, dificilmente seria visto num local como esse (FEIJÓ, 2009). De acordo com Os Banhos (2009), as ostentações e mordomias que atualmente se tem na hora do banho passaram a existir há pouco tempo. Na Inglaterra do século XIX, as banheiras começaram a se difundir entre as famílias mais enriquecidas. Em algumas residências, os empregados se apressavam para preparar a banheira no quarto com água quente antes que seus patrões chegassem em casa. Já o chuveiro elétrico, conquistou mais espaço com o processo de urbanização das sociedades modernas e a ampliação das redes de energia. Atualmente, o hábito de tomar banho resumiu-se em uma questão de higiene e até em momento de entretenimento. Cada dia mais, os indivíduos investem na construção de espaços amplos onde possam ter a oportunidade de relaxar e esquecer os problemas diários (Figura 6, p. 24). Em algumas residências, o espaço do banheiro chega a ser mais extenso que o da própria cozinha. Além disso, buchas, cremes, xampus e sabonetes completam esse momento onde se procura conciliar higiene e prazer (OS BANHOS, 2009). Ashenberg (2008, p. 245), integra esta realidade descrevendo que: 
O futuro da limpeza permanece misterioso, mas ele será sempre influenciado pela disponibilidade de recursos e pela mentalidade da opinião pública. Por exemplo, só um severo racionamento de água faria com que os hábitos do banho mudariam de maneira eficaz. Uma coisa é certa, no fim do século XXI as pessoas rirão e se admirarão do que consideramos hoje limpeza. 
Para a autora, nas gerações futuras, o banho será um dos primeiros luxos a serem eliminados. Supostamente, vovôs contarão aos seus netos sobre tomar banho no meio do inverno em água limpa e quente, com sabonete perfumado e outros líquidos que se esfregavam pelo cabelo para deixá-los mais brilhantes e volumosos. 
(SILVA, 2009)

A PRÁTICA DOS BANHOS NA HISTÓRIA

Na Antiguidade, a falta de redes encanadas e esgotos eram supridas com o uso de copos e bacias que permitiam a prática do banho. Geralmente, as pessoas se sentavam em um banco enquanto derramavam pequenas quantidades de água nas partes a serem higienizadas (OS BANHOS, 2009). Os antigos egípcios banhavam-se cerca de três vezes em um só dia, consumiam muito tempo em banhos refrescantes e com o uso de perfumes e óleos aromáticos. Há mais de 3000 anos, o ato de banhar-se era sagrado e parecia ser uma forma de purificar o espírito do indivíduo. Os muçulmanos também não dispensavam o banho como ritual antes das suas preces e as salas de sauna transformaram-se por estas civilizações em áreas políticas e sociais. Mesmo os povos lusitanos aderiram à idéia, e não são poucos os resquícios que ainda se encontram nestes locais (A HISTÓRIA, 2009). Segundo Sousa (2009), para os gregos o contato com a água integrava o processo de educação dos jovens. De acordo com os inúmeros aspectos da época, o indivíduo bem ensinado tanto dominava a leitura assim como praticava a natação. No Império Romano, que claramente foi influenciado pela cultura grega, aumentou a recorrência do hábito de tomar banho realizando a construção das ilustres termas (Figura 1, p. 22). Cada uma dessas termas consistia em um edifício repleto de vários salões, onde continham vestiários, saunas e diversas piscinas. No entanto, os indivíduos não tinham o menor pudor de se banharem nesses locais públicos (Figura 2, p. 22) (A HISTÓRIA, 2009). Os camponeses mais pobres lavavam o rosto e as mãos apenas com água e como conseqüência, os piolhos e outros “visitantes” predominavam em suas cabeças, e eram disfarçados pelo uso permanente de chapéus ou barretes (A HISTÓRIA, 2009). 
 Na Idade Média, os banhos passaram a ser olhados com desconfiança e mesmo proibidos em muitas cidades como propagadores de doenças, como a peste, e acreditavam ser os causadores do amolecimento da alma quando praticados com água quente, pois levava à dilatação dos poros e conseqüentemente à facilidade da entrada de doenças no organismo. Dessa forma, o tomar banho se transformou em uma atividade anual e acontecia em um simples barril de água. As limpezas diárias eram feitas pelo uso de panos úmidos. Tinham como hábito de higiene vestir roupa lavada até que ficasse suja, porque existia o conceito que esta serviria como esponja da sujidade. Os dentes eram lavados com um dentífricio (pasta de dente) 100% natural (a urina). A sujeira chegava a tal ponto que, durante a época das descobertas, os europeus eram conhecidos pelos povos que visitavam como mal-cheirosos e porcos (A HISTÓRIA, 2009). Na mesma época, a maioria dos casamentos ocorria no mês de junho. Por essa razão o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o odor dos indivíduos ainda estava suportável. Entretanto, como alguns odores já começavam a ser exalados, as noivas levavam buquês de flores junto ao corpo, para disfarçar. Atualmente maio continua sendo o "mês das noivas" e a origem do buquê de noiva pode se esclarecer com essa contextualização. Os primeiros tratados médicos indicavam na Idade Média os critérios “antigos” da higiene do corpo, a lavagem das mãos e do rosto e limpar as sujeiras das partes visíveis. A água aguçava a visão especialmente quando fresca (VIGARELLO, 1996). Este autor (p. 51) complementa: “Lava tuas mãos e teu rosto com água que acabe de ser tirada e a mais fria que possas encontrar, pois tal loção torna a visão boa, clara e aguçada.” Outra constatação era que os banhos eram tomados em uma única tina entornada de água quente. O chefe da família era o primeiro a banhar-se na água limpa (Figura 3, p. 23). Depois, sem que a água fosse trocada, vinham os outros homens da casa, por ordem de idade, as mulheres, também por idade e, por fim, as crianças. Os bebês eram os últimos a serem banhados. Quando chegava à hora deles entrar, a água da tina já estava muito suja e era possível "perder" um bebê lá dentro. Esse contexto justifica a expressão em inglês "don't throw the baby out with the bath water", ou seja, "não jogue o bebê fora junto com a água do banho" (CASSIO, 2009). 
Durante o século XVII os banhos continuavam sendo considerados algo perigoso. Nessa época, a indústria cosmética teve um enorme avanço, pois os melhores perfumes eram usados para disfarçar o mau cheiro. A roupa não era lavada, apenas sacudida e carregada de perfume. As mãos eram lavadas apenas de três em três dias e lavar o rosto estava fora de questão e para não danificar a pele, pois se acreditava que podia desgastar com lavagens frequentes. Assim, a sujeira era camuflada com enormes camadas de maquiagem, retocada todos os dias. Felizmente, para as narinas mais sensíveis, neste século surge o sabão à base de banha de porco, usado para lavar o rosto e as mãos, assim como as roupas. Somente no século seguinte que o banho foi reconhecido como um meio para se cuidar da saúde (A HISTÓRIA, 2009). 
Na segunda metade do século XVIII, os escritores descrevem sobre a limpeza das pessoas ou sobre a falta dela, especialmente sobre o mau cheiro que acompanhava a higiene inadequada. Como se as narinas, insensibilizadas por um fedor de séculos durante os quais ninguém tomava banho, tivessem se sensibilizado com o número consideravelmente pequeno de pessoas com cheiro de limpeza (ASHENBURG, 2008). Ainda no século XVIII, com os costumes de higiene em voga, nasceram mais dois compartimentos nas residências que até então não existiam, o quarto de banho e o “toilet”, que era o local onde se localizava o vaso sanitário. A princípio, tanto os quartos de banho quanto os vasos sanitários eram privilégios dos mais ricos. Em meados do século XIX, através de tratados médicos, confirmou-se a tendência dos hábitos higiênicos como necessidade básica para a saúde e o banho era incentivado por eles como um ato de limpeza do corpo e da alma. Os cuidados com a pele também podiam ser notados e o principal responsável era o sabonete, que ocupava um lugar de destaque na perfumaria, pois em 1791, um médico e químico francês chamado Nicolas Leblanc, que produziu artificialmente o carbonato de sódio, antes só encontrado em plantas (TRIGUEIRO, 2009). 
O conceito enfático de higiene passa a existir apenas no século XIX, na qual os hospitais passam a ser limpos regularmente, assim como outros locais onde possam proliferar doenças. Os manuais de higiene começam a aparecer, aprimorando-se de diversos produtos para melhorar a condição da pele e dos cabelos, as pilosidades tinham que se apresentar curtas, assim como as unhas e a pele lavada com água e sabão. Objetivando evitar as doenças, ficou estabelecido o hábito de lavar as mãos várias vezes ao dia, antes e depois das refeições e as roupas eram lavadas regularmente, abrindo-se para isso lavadouros públicos (A HISTÓRIA, 2009). A higiene era muito restrita para camponeses e operários, a água era coisa rara, e a dificuldade em ir buscá-la restringia seu uso. Por outro lado havia a idéia generalizada de que a água amolecia o corpo, ao passo que a sujeira era sinal de saúde. Entretanto só se fazia uma lavagem das partes do corpo que ficam à mostra, raramente indo além disso (PROST; VICENT, 1992). 
Segundo Feijó (2009), após o fim da Segunda Guerra, em 1945, quando uma considerável parte das residências européias teve que ser reconstruída, foram inclusos banheiros abastecidos com água encanada. A França foi a precursora nas inovações sanitárias, seguida pela Inglaterra e Alemanha. O procedimento de reconstrução de várias casas permitiu que os chuveiros fossem distribuídos por toda a Europa, assim, os banhos deixaram de ser um ato público (Figura 4, p. 23) (A HISTÓRIA, 2009). 

Mais informações: Artigo de Conclusão de Curso de Lucimara da Silva intitulado: A utilização dos banhos no decorrer da história humana, 2009-2.

A ÁGUA NA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA


A água está associada ao inverno, pois é uma energia yin, de recolhimento. Sua cor é o preto, seu sabor é o salgado que, segundo a medicina chinesa tem a propriedade de afundar e fazer descer a energia. A emoção do elemento água é o medo.
Na medicina tradicional chinesa, o elemento água é relacionado ao rim e bexiga, podemos relacionar a água à liquidez, fluidez e solução. A água tem o movimento para baixo (excreção de fluídos impuros) e está associada ao armazenamento. No ciclo de geração a água gera a madeira e no ciclo de controle a água controla o fogo. (MACIOCIA, 2007)
Nosso corpo é constituído por quase 80% de líquidos. Os rins controlam o fluxo de água no nosso corpo, e a bexiga armazena e elimina o excesso de água. Pelos rins também absorvemos os minerais, que são metabolizados no fígado. Além disso, o fluxo de água é responsável pela renovação de fluídos do nosso corpo como o sangue, saliva, linfa, secreções glandulares, urina, suor, lágrima, leite materno, logo, nada no nosso corpo funciona sem a água. (HIRSCH, 2008)
Além do órgão rim (Zang Shen) a água está associada à víscera bexiga (Fu Pang Guang) que tem como função transformar os fluídos que necessita do Qi e do calor fornecido pelo yang dos rins. Esses fluídos são recebidos do intestino delgado e após transformados são excretados. O Qi e o calor necessários para esta transformação que são promovidos pelo Yang do Rim. (MACIOCIA, 2007).
 O símbolo da água representa, na medicina tradicional chinesa, o órgão rim e a víscera bexiga. Por isso, todos os padrões de adoecimento relacionados à água, são referidos como desarmonias do rim ou da bexiga. Associam-se ainda, ao elemento água os ouvidos, o cérebro, a medula, os ossos, os dentes, a região lombar, o aparelho reprodutor e a energia Jing (a essência) [...]. (CAMPIGLIA, 2004, p. 44)
Dentro do estudo da seqüência cosmológica a água é o início, o alicerce dos outros elementos. Isso corresponde à importância conferida ao rim como alicerce do Yin-Yang de todos os órgãos. O rim pertence ao elemento água e estoca a essência (Jing), mas também armazena o fogo na porta da vida (Ming men) é, portanto, a fonte da água e do fogo, além de serem denominados de o Yin e o Yang originais. A partir de tal ponto de vista, a água pode ser considerada o alicerce de todos os outros elementos.  (MACIOCIA, 2007)
As emoções estão fortemente associadas ao elemento água, por exemplo, as lágrimas derramadas ou a sensação de se estar tomado, inundado de sentimentos. A água é um meio fluido pelo qual se comunica o sutil, as vibrações emocionais e o sentir como uma posição de onda.
Conforme os textos taoístas a água é símbolo de sabedoria, pois corre livre seguindo as irregularidades do terreno, sem contestar, sem parar, achando seu caminho por entre pedras e obstáculos. No budismo tibetano a água é usada para sacramentar os votos religiosos. Muitas vezes é o símbolo do inconsciente, do indiferenciado. Nadar em um grande mar ou lago é retornar ao todo indivisível. A água segundo o taoísmo é o caos e a indistinção primeira, o útero materno e a vida aquática do feto são momentos de fusão em diferenciação. Sem o útero o feto não existe. (CAMPIGLIA, 2004)
O elemento água faz parte do sangue e outros líquidos corporais, como o esperma, que é outra fonte de vida. Deste modo, a água não só fertiliza os campos, mas ainda da vida ao homem por meio dos líquidos seminais e do sangue. Ela representa o fluxo contínuo de vida e de vitalidade.

Planeta Água

Pesquisar este blog