“Em todas as culturas, civilizações e religiões, a água é alçada a uma natureza de símbolo. Ela é muito mais do que um elemento utilitário e necessário à vida. Ela tem uma força simbólica, algo que congrega e segura nela mesma os desejos e as fantasias mais profundas da alma humana.”
Adélia Prado
Na Prática...
A água pode ser utilizada como veículo terapêutico tanto externamente quanto internamente (pela sua ingesta); em seus estados sólido, líquido e gasoso. De modo geral, a água pode atuar através de estímulos térmicos, mecânicos, por reação e por reflexo. E através destes estímulos a hidroterapia possui dois principais objetivos: o de desintoxicar e o de revigorar o organismo. (DALLA,2000).
Por fim, pode-se dizer que existem diversas formas de se usar a água como elemento terapêutico. O termo hidroterapia engloba todas elas, mas no trabalho da Naturologia Aplicada podem ser diferenciadas algumas formas distintas de utilização da água nos processos terapêuticos:
- Duchas quentes, frias ou mornas;
- Compressas úmidas;
- Pachos (envoltórios);
- Inalação/vaporização;
- Crioterapia (aplicação de gelo ou água muito fria);
- Talassoterapia (utilização dos recursos marinhos);
- Crenoterapia/Termalismo (utilização das águas termais/minerais tanto externa quanto internamente)
Apesar de a hidroterapia ser uma prática natural complementar, deve-se lembrar de algumas recomendações/precauções e contra-indicações:
- Inspecionar o local onde será aplicada a hidroterapia, observando a sensibilidade (queimaduras, dermatites...) e a condição circulatória (varizes, úlceras).
- Sempre que possível, realizar escovações com bucha vegetal na área a ser tratada a fim de estimular a circulação local e retirar células mortas que dificultem a absorção de água ( e outros elementos adicionados) pela epiderme.
- De maneira geral, iniciar o tratamento de forma gradual, com temperaturas amenas, evoluindo-se até alcançar a temperatura almejada, principalmente em crianças e idosos.
- Por ser uma prática que visa a saúde do indivíduo, solicitá-lo que diminua a ingesta de bebida alcoólica e fumo, ao menos antes e após as aplicações hidroterápicas.
- Após aplicações quentes, submeter o indivíduo a uma ducha ou compressa fria, no intuito de reequilibrar a temperatura corpórea.
- Não há necessidade de se enxugar com fricção após aplicação de hidroterapia, basta apenas que se passe levemente a toalha, no intuito de retirar o excesso de água.
Efeitos Gerais da Hidroterapia...
A Hidroterapia produz efeitos no organismo, que se baseiam principalmente na termorregulação. A termorregulação consiste na capacidade do corpo de gerar mecanismos de produção ou perda de calor devido a mudanças de temperatura no meio, a fim de manter a homeostase - equilíbrio interno. Dessa forma, os efeitos atingidos com a hidroterapia estão intimamente ligados à temperatura da água.
Nas modalidades hidroterápicas quentes pode-se observar alguns possíveis efeitos:
- Dilatação dos vasos sangüíneos, levando ao aumento do suprimento sangüíneo periférico e elevação da temperatura muscular, que leva ao aumento do metabolismo da pele e dos músculos e, conseqüentemente, ao aumento do metabolismo geral e da freqüência respiratória
- Melhora da capacidade aeróbica
- Melhora nas trocas gasosas
- Reeducação respiratória
- Aumento no consumo de energia
- Auxílio no retorno venoso
- Melhoria da irrigação sangüínea, resultando na estabilidade da pressão arterial e no retardo do aparecimento de varizes.
- O calor relativamente brando reduz a sensibilidade das terminações sensitivas e, à medida que os músculos são aquecidos pelo sangue que os atravessa, seu tônus diminui levando ao relaxamento muscular.
- Alguns estudos comprovam que a aplicação intensa e prolongada de calor úmido penetra até 3,4 cm, atingindo inclusive camadas superficiais dos músculos. Promove, também, o aumento do número de leucócitos, além da melhora das condições tróficas, levando a um quadro geral mais saudável.
- Redução de espasmos musculares e das dores
- Diminuição da fadiga muscular; e recuperação de lesões
- Auxílio no alongamento muscular
- Desintoxicação promovida pela transpiração.
Nas modalidades hidroterápicas frias pode-se observar alguns efeitos principais, entre eles, o de analgesia. Devido a vasoconstricção, a diminuição da circulação local, e o decréscimo do metabolismo local, promovidos pela aplicação do frio, observa-se um efeito de “dormência”, de analgesia. Além disso, o frio promove a sedação por competição de estímulos nervosos. Assim as modalidades frias locais são indicadas para processos agudo inflamatórios – onde há calor, rubor, edema e dor. Vale lembrar, que as modalidades frias são recomendadas apenas quando locais e/ou num intervalo pequeno de tempo. As modalidades frias gerais (no corpo todo) prolongadas (mais que 20 minutos de exposição) deprimem muito as funções vitais: o metabolismo geral é diminuído, a temperatura decresce, o ritmo cardíaco é reduzido, a circulação torna-se lenta, o coeficiente respiratório sofre declínio, a sensibilidade cutânea é deprimida, os músculos tornam-se descoordenados, a digestão é retardada, isto é, exigem muito do organismo. Já as modalidades frias gerais curtas, as quais se recomenda menos que 5 minutos de exposição, podem trazer efeitos vitalizantes, tônicos, com o aumento do tônus muscular, aumento da atividade interna associado ao aumento da produção de calor, aumento de vigor e sensação de bem-estar.
Referências: Biasoli, M. C; Machado, C.M.C. Hidroterapia: aplicabilidades clínicas. [artigo online]
Moor, et al. Manual de hidroterapia e massagem.
Dalla Via, G. A hidroterapia: a cura pela água